Sério candidato a game do ano? Ou de todos os tempos?
O primeiro Bioshock, em 2007, foi um divisor de águas. Encabeçado pela mesma equipe criativa dos games (hoje ‘cults’) System Shock I e II, era um jogo bem à frente de seu tempo, com uma jogabilidade dinâmica, um clima ao mesmo tempo noir, caricato e aterrador, ambientação única e uma história fantástica, repleta de reviravoltas (Andrew Ryan, alguém?).
Bioshock 2 de 2009 tentou repetir a fórmula, mas decepcionou. Não que fosse um game ruim, mas era apenas ‘mais do mesmo’ e sem o espírito de seu antecessor. O game ‘bombou’ tanto na opinião do público quanto da crítica.
Quando Bioshock Infinite foi anunciado, a reação dos fãs foi de desconfiança: primeiro pelas más lembranças do game anterior, e segundo pela mundança de ambientação: aqui saímos da sombria cidade submersa de Rapture na década de 50, para a colorida e radiante cidade flutuante de Columbia, em meados da década de 1910.
Devo admitir que também fiquei um tanto ressabiado com essa mudança de ambientação, mas à medida que você evolui no game, desenvolve seus poderes (aqui chamados de Vigors, e não mais Plasmids), os inimigos ficam cada vez mais viscerais e a trama se revela, vê-se que o jogo é sim um Bioshock, na melhor acepção do termo.
A história a princípio é bem simples: você é Booker DeWitt, um investigador que é contratado para resgatar a jovem Elizabeth Comstock, filha do reverendo Zachary Comstock, déspota da cidade de Columbia. Mas como todos sabem, a história de Bioshock nunca é simples assim.
A jogabilidade e nova ambientação trouxeram à série novos – e bem-vindos – ares. A ação sai dos corredores claustrofóbicos e opressivos de raptures para uma dinâmica bem mais vertical: Booker pode utilizar Zeppellins, se pendurar em parapeitos, usar trilos aéreos, tudo com a ajuda de um gancho magnético (que também é usado como arma).
O arsenal também é variado: além das armas tradicionais, os Vigors dão um ‘tempero’ a mais, e são bem diferentes daqueles vistos em Bioshock 1 e 2: tem até um que invoca uma revoada de corvos. Essa nova temática faz o game lembrar um pouco outro lançamento recente: Dishonored, da Bethesda.
Os inimigos também aumentaram, em quantidade e variedade. Saem os ‘Splicers’ e ‘Big Daddys’, entram os guardas pessoais de Comstock, com seus diversos tipos de armaduras e armamentos, uns ninjas que viram corvos, os ‘Automated Patriots’ – autômatos com a cara de George Washington empunhando metralhadoras giratórias, e os poderosos ‘HandyMen’ (que fazem os Big Daddys parecerem brincadeira de criança).
O game é um capricho só, tudo é refinado ao extremo. Desde gráficos, mecânica de jogo simples e intuitiva, até sua ambientação, trilha sonora e história. Não há o que falar mal do game aqui, exceto talvez pela sua curta duração, e ausência de múltiplos finais, o que faz com que ele não tenha uma vida útil muito longa. Pelo menos incluíram um modo multiplayer nessa versão (que eu, por sinal, nem testei).
Enfim, Bioshock Infinite é um daqueles games que provam por A+B que video-games são SIM uma forma de arte e devem ser tratados como tal. Recomendadíssimo, até para quem não jogou os games anteriores.